sábado, 3 de agosto de 2013

PEQUENA ANTOLOGIA DO TERROR BRAZUCA

Belíssima capa de uma publicação da Editora Taika criado sob uma foto de Cristopher Lee o Drácula do cinema. 
Se há um gênero que pode ser associado às histórias em quadrinhos brasileiras, este gênero, com certeza, é o terror. Tal vocação não surgiu por acaso. A onda conservadora que varreu os Estados Unidos na década de 1950, arrastada pelo senador Joseph McCarthy na esteira da guerra fria, respingou nos assustadores quadrinhos que eram então publicados por ali – e republicados no resto do mundo. Absurdamente responsabilizadas pela delinquência juvenil norte-americana, as HQs de terror foram literalmente queimadas em praça pública e o gênero virou fumaça como um vampiro diante da cruz.

Revista O Terror Negro, que na década de 50 publicava material importado.
Ruim para eles, bom para nós. Sem material gringo para traduzir, as editoras começaram a contratar quadrinistas brasileiros para atender a demanda que continuava a crescer. Se no princípio os quadrinhos de terror feitos no Brasil emulavam sua matriz anglo-saxã, logo eles foram desenvolvendo características tipicamente tupiniquins, como o uso de lendas populares e picantes pitadas de erotismo. Nascia então a HQ brasileira de terror, única, ímpar em relação às suas congêneres mundo afora.

Revista Histórias do Além, publicação famosa da Editora Vecchi.
 Durante mais de três décadas, os leitores refestelaram-se com banhos de sangue, cangaceiros amaldiçoados, lobisomens de vilarejo, macumbeiros barra pesada e vampiras seminuas. Na criação, uma horda de gênios: Flavio Colin, Jayme Cortez, Nico Rosso, Lyrio Aragão, Julio Shimamoto... Mestres da narrativa quadrinística, dotados de traços transbordantes de originalidade e brasilidade.

Edição da famosa revista Spektro que marcou o retorno de Eugenio Coonnese aos quadrinhos.

A famosa revista Calafrio da Editora D'Art sucesso da década de 80.

A famosa revista Mestres do Terror da Editora D'Art, que adaptava os contos clássicos de terror para os quadrinhos.

Mirza, a famosa personagem de Eugenio Colonnese e Luis Meri, a vampira tropical que precedeu a personagem americana Vampirella.
Não deixa de ser melancólico perceber que hoje, grande parte do público leitor de HQs praticamente desconhece os heróis deste gênero, um dia tão popular, que teve seus estertores no final dos anos 1980. As sucessivas crises econômicas e a estagnação editorial conduziram artistas de primeiríssima grandeza a um indesejável, injusto e constrangedor ostracismo.






3 comentários:

  1. Excelente artigo.
    Só faltam os links... hehe ;-)

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  2. Olá amigo CAAC,
    Grato pelo reconhecimento do nosso humilde trabalho.
    Quanto aos links alguns já foram postados no "Banca" e os outros estão programados para ser postado, é só acompanhar o blog.
    Grande Abraço
    Sabino

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  3. Tive em minha infância a revista Calafrio #1 e a Mestres do Terror #1. Além da nostalgia e a saudade das tardes que passava lendo estes exemplares, bateu agora uma tremenda tristeza, primeiro por tê-las perdido, e segundo por ver mais nas bancas material de tão boa qualidade.

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