A revista "Raimundo, o cangaceiro", é referência para os pesquisadores e estudiosos dos personagens brasileiros das
HQs,
Raimundo o Cangaceiro: herói cangaceiro que foi criado
por José Lanzelotti em 1953, era exclusividade da Editora La Selva, de Salvador
Bentivegna. As aventuras se passam nas caatingas nordestinas, onde Raimundo,
com 17 anos entra para o cangaço para vingar a morte do pai, morto pelo coronel
Venâncio, que roubara suas terras. A história está dividida em capítulos com os
excelentes desenhos de Lanzelotti, verdadeira obra-prima.
Esta edição trata-se na verdade de uma
republicação, o segundo número da série re-editada pela Editora Edrel,
provavelmente na década de 60 do século passado. Formato americano com 32
páginas em p&b, apresentando duas aventuras de Raimundo, o Cangaceiro e uma história complementar para-didática sobre o bandeirante
Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera (hoje em dia nome de rodovia muito
utilizada e conhecida dos paulistas, atravessando importantes municípios do
leste do Estado, até a capital), escrita por Minami Keizi e ilustrada por Fernando
Almeida.
A primeira HQ deste gibi é a seqüência imediata do número anterior: o
bando do cangaceiro Sussuarana, do qual faz parte Raimundo, acabara de dominar
a cidade de Carrasqueira, e o líder ameaçava praticar sua justiça peculiar.
Lanzelotti procura mostrar os cangaceiros como homens cruéis, determinados,
justos com os mais pobres e implacáveis contra os funcionários públicos. Mas
Raimundo faz questão de frisar que não entrou no cangaço para cometer crimes,
mas sim para combater as injustiças. Éticas do cangaço à parte, a passagem por
Carrasqueira será marcante para o personagem principal, pois perderá o seu
padrinho Acácio, morto no embate com a polícia, e ainda conhecerá um grande
amor na pessoa da jovem Jacira, a quem Raimundo salvara do nefasto Chico
Rastejador – que estava pronto para estuprar a moça, contrariando as ordens de
Sussuarana. E esse entrevero Raimundo vs. Chico acabará por trazer muita dor de
cabeça ao bando de cangaceiros: ferido em seu orgulho, o Rastejador torna-se
alcagüete da polícia, traindo seus antigos parceiros. Com astúcia, Sussuarana
consegue despistar as “volantes”, mas o problema persistiria na aventura
seguinte, chamada “O Cavalo Fantasma”. Raimundo sabia que, enquanto não desse
cabo de Chico Rastejador, o delator continuaria a causar problemas. Por isso,
ao lado do inseparável companheiro Rogério, partem na busca do vilão. Acabam
parando num humilde vilarejo chamado Vila de Nazaré, onde Chico planejava fuga
para São Paulo. Nesse local, Raimundo fica conhecendo a lenda de um certo
cavalo maldito, considerado não só indomável, mas também assombrado! Desafiando
a credulidade supersticiosa do povo local, ao cair da noite Raimundo consegue
domar o animal, demonstrando assim que não havia nada de sobrenatural naquele
belo espécime de eqüino. Enquanto isso, Chico Rastejador percebe que as pessoas
que haviam prometido levá-lo, junto a outros retirantes, para a capital
paulista, não passavam de trambiqueiros. Chico mata um deles e recupera o
dinheiro das passagens, que estava sendo roubado pelos malandrões – mas não
terá um segundo sequer para gastar um único centavo desse dinheiro, pois
Raimundo o encontra, prendendo-o com um laço. Tentando fugir, o Rastejador
acaba perecendo nas patas fatais do cavalo “assombrado”. E Raimundo, como bom
cangaceiro que é, devolve o dinheiro aos retirantes ludibriados.
Em Raimundo, O Cangaceiro temos, além do roteiro
muito bem elaborado, bem desenvolvido, da nobre preocupação em mostrar o
personagem principal uma pessoa íntegra e de bons princípios (mesmo vivendo num
meio da marginalidade), temos ainda os belíssimos desenhos de Lanzelotti, que,
se não são muito ricos em paisagens, possui traço levemente renascentista. Uma
beleza de se ver, uma obra-prima.
Então meus amigos cliquem no link para conhecerem o trabalho do desenhista Lanzelotti, boa leitura e seja o primeiro a comentar este post.
Olá amigo Sabino.
ResponderExcluirEstas histórias registam um tempo que é muito importante não esquecer.
Como diz alguém que de momento não me lembro quem, "Quem esquece o passado está sujeito a, mais cedo ou mais tarde, repetir os mesmos erros". É muito importante registar estes conturbados tempos por forma a não os esquecer e evitar repetições penosas. Isto é verdade, quer no Brasil, quer em Portugal, quer em qualquer outro local. É uma pena que em Portugal não haja a coragem e visão necessárias para também registar acontecimentos que seria necessário não esquecer. O resultado é o que actualmente por cá se vem passando, um retrocesso que corre o risco de retornar uma ditadura, e desta vez, à ditadura política virá uma bem pior, a ditadura financeira, com o espezinhar de condições sociais mínimas de dignidade, na Cultura, na Educação e na Saúde. Perdoe-me o desabafo.
Bem-haja por nos trazer estas excelentes obras literárias. BD/HQ é literatura, e esta, do Raimundo, é da boa.
Luis
Olá amigo Luis,
ResponderExcluirNão tem porque se desculpar, sua visão e sua preocupação, é a mesma de todos que tem um mínimo de bom senso.
E mais do que uma ditadura, o sistema neoliberalista transformou o mundo numa grande escravatura financeira, onde o ser humano vive subjugado, num mundo onde já não existe fronteiras geográficas, onde as empresas capitalistas "dão as cartas" sem que governo algum consiga interferir, A situação está mesmo feia.
Grato pelo comentário e muita coisa boa poderá ser vista no Banca dos Gibis, como fazíamos no nosso tempo feliz de infância e adolescência.
Abração
Sabino
ResponderExcluirOlá galera do Gibis Brazucas, tudo bem?
Por gentileza, poderiam reupar essa HQ, pois está off no local atual.
Obrigado