Os filmes de faroeste, embora hoje em dia estejam em
franca decadência, sempre encantaram gerações passadas, e é claro que os
roteiristas e ilustradores de HQs não estariam de fora desta – exemplo marcante
até hoje é o Tex da Bonelli Editore, que, mesmo com o descaso (e até
mesmo aversão) que o gênero western vem angariando nos últimos tempos, ainda
mantém relevante popularidade entre os fãs das Histórias-em-Quadrinhos, e em
especial no Brasil, onde continua sendo, disparado, o gibi mais vendido nas
bancas, deixando para trás toda as publicações já desgastadas da Marvel, DC Comics,
Vertigo e outras publicações.
E em nosso país é também marcante a presença de
personagens de faroeste criados por artistas patrícios. Um estilo que não faz
parte de nossa História, mas certamente faz parte de nossa cultura, haja visto que filmes, seriados e HQs de faroeste sempre fizeram grande sucesso entre nós,
durante as décadas em que o western era o gênero preferido das multidões. E
isso se reflete até os dias de hoje, com os dvds, os fã-clubes, os fanzines, e
até mesmo nos gibis, haja vista a nova empreitada de Tony Fernandes com
sua Apache.
Um bom exemplo do fascínio exercido pelo faroeste em
nossos quadrinhistas foi o ousado projeto da Editora D-Arte de Rodolfo Zalla,
na década de 80 do século passado: Johnny Pecos. Zalla, oriundo da
Argentina (país que também conta, em sua história editorial das HQs, com uma
variada gama de personagens de faroeste), bancou uma revista em formato europeu com
48 páginas (quase todas em cores) que contou com a participação de grandes
nomes dos Quadrinhos Brasileiros tais como Eugênio Colonnese, Gedeone Malagola,
Luís Meri, Rubens Cordeiro, entre outros. O personagem-título Johnny Pecos é
uma criação de Jota Laerte (roteiro) e Rodolfo Zalla (desenhos). Pecos é um
mestiço da fronteira, meio estadunidense e meio mexicano, que tem a noiva e o
sogro cruelmente assassinados por bandoleiros bêbados. Mesmo sendo bem sucedido
em sua vingança, ele sabia que sua vida estava mudada para sempre: tornara-se
um viajante solitário, percorrendo desertos e pradarias entre facínoras
e federales, sempre pronto a defender aqueles que se encontram em
desvantagem.
As histórias de Johnny Pecos, além da dose indispensável
de tiros e pancadaria, também mostravam as angústias dos personagens,
humanizando-os. E os desenhos de Mestre Zalla dispensam maiores comentários,
especialmente entre aqueles que já se tornaram calejados apreciadores da HQB.
Apesar de todo capricho e talento dos envolvidos, Johnny Pecos durou somente 4
números – naquela época, o western já perdera muito de seu prestígio entre o
grande público, vitimado que foi pela militância politicamente correta, de modo
que Zalla e seus parceiros passaram então a se dedicar aos Quadrinhos macabros
com Calafrio e Mestres do Terror, dois grandes sucessos por mais de
uma década. Nos anos 90 a Editora Noblet chegou a lançar um gibi de Johnny
Pecos, re-editando HQs publicadas pela D-Arte.
De modo geral, os artistas brasileiros dos Quadrinhos que
se aventuraram no gênero faroeste, pareciam mais inspirados nos filmes de
bang-bang feitos na Itália, do que nos originais estadunidenses. Exemplo
marcante disso, da influência do spaghetti-western em HQs brasileiras, pode ser
visto num personagem que teve duas HQs publicadas no antológica Johnny Pecos,
da Editora D-Arte (mais especificamente, nos número 3 e 4) – personagem que
levava o nome de um dos mais famosos filmes italianos de
faroeste:Django (interpretado no cinema pelo ator Franco Nero). Com
roteiros de Luis Meri e desenhos de Rodolfo Zalla, o que mais chamou a atenção
nas aventuras de Django foi seu inimigo, um fanfarrão de nome Pancho
– tipo aliás muito recorrente nos bang-bangs italianos, uma caricatura do que
teria sido o “general” Pancho Villa, o sanguinário revolucionário mexicano que
aterrorizava mexicanos e estadunidenses da fronteira (chegou até a invadir e
saquear a cidade de Durango), na primeira década do século XX. Já este Pancho
do gibi, praticamente morto na aventura publicada no número 3 de Johnny
Pecos, retorna cheio de vida no número seguinte, onde mais uma vez é colocado à
beira da morte. Mas quem “morreu”, infelizmente, foi mesmo a revista
do Johnny Pecos, uma pena.
Crédito: scan - Sabino,
restauração - Jean Okada.
Crédito: scan - Sabino,
restauração - Jean Okada.
Aí está meus amigos, cliquem no link para conhecer mais esta boa iniciativa dos quadrinhos brasileiros.
ResponderExcluirOlá galera do Gibis Brazucas, tudo bem?
Por gentileza, poderiam reupar essa HQ, pois está off no local atual.
Obrigado