sábado, 12 de outubro de 2013

A METAMORFOSE DAS BANCAS


Olá meus amigos hoje temos um artigo que irá tratar de um assunto que é a razão do nome do nosso blog: As Bancas de Jornal e Revistas.
Estes pequenos estabelecimentos que funcionam em quiosques que aqui no Brasil levam o nome de “banca”, tem sofrido uma grande transformação principalmente para conseguir sobreviver aos novos tempos.
Inicialmente as bancas eram por excelência um estabelecimento especializado na venda de jornais e todo o tipo de revistas: semanários, femininas, moda, românticas, fotonovelas, gibis (histórias em quadrinhos), àlbuns de figurinhas e os famosos “catecismos”, principalmente do Carlos Zéfiro; que eram vendidos clandestinamente e que deliciava os adolescentes.

As bancas comercializavam apenas jornal e revista.

Além disso, só era comercializado nas bancas as famosas fichas para telefone publico.

Fichas telefônicas vendidas em cartelas nas bancas.

Ficha telefônica local.

Além dos jornais as bancas contavam com enormes tiragens das revistas em geral: os suplementos de quadrinhos que saiam duas vezes por semana; apresentando aventuras seriadas do heróis das histórias em quadrinhos e mais tarde as revistas em quadrinhos de periodicidade mensal, que na sua época áurea tinham tiragens mensais imensas (entre 30.000 a 150.000 exemplares de cada revista por mês); com mais de 70 títulos diferentes; e por isso eram as grandes estrelas das Bancas.

O famoso suplemento Juvenil.

O surgimento das revistas mensais.

Isso tudo acontecia numa época em que havia poucas formas de divertimento para as crianças e os adolescentes, que tinham as revistas e as seções semanais de cinema nas pequenas cidades, onde assistiam os seriados “B” de baixo custo que tanto prendiam a atenção da garotada e divertiam; e os longa metragem de filmes de Cowboy e Tarzan.

Antigo seriado de Flash Gordon, das matinnés de domingo.

Longa metragem de Tarzan das tardes de domingo.

Mas, nas décadas de 40 e 50, o mundo começou a sofrer grandes transformações irreversíveis que viriam a mudar a face do mundo, a começar pela televisão, que viria a mudar radicalmente os costumes fazendo desaparecer deliciosos hábitos como “curtir” as famosas “matinnés” nas tardes de domingo onde se assistia os seriados e os longas e se aproveitava para se fazer as trocas dos gibis entre a garotada.
Nesta época imperavam no mercado editorial dos gibis, as grandes editoras cariocas: EBAL (Editora Brasil América Ltda.) de Adolpho Aizen, a RGE (Rio Gráfica e Editora) de Roberto Marinho, e na década de 50 surgiu a Editora paulista: ABRIL de Victor Civita; fora as muitas editoras pequenas de São Paulo que surgiam e desapareciam.

Revistas da Editora EBAL.

Revistas da Editora RGE.

Revistas da Editora ABRIL.

Neste período, as histórias em quadrinhos realmente mereciam o título de “cultura pop”, pois as publicações eram produzidas em papel de baixa qualidade (papel jornal), tinha um custo baixo, o que favorecia para que todos pudessem adquirir.
As bancas de jornal eram uma das poucas fontes de cultura e divertimento da juventude, que apesar do país levar o título de: “país semianalfabeto”, as pessoas no geral liam muito mais do que hoje.
Mas, principalmente na década de 50 surgiu um elemento transformador de costumes que deu um belo golpe numa forma de divertimento muito popular na época: o “cinema”. Não que a televisão tinha acabado com essa forma de entretenimento, mas acabou extinguindo o seguimento dos antigos seriados “B” e os antigos filmes de Cowboy que era um dos grandes divertimentos daquela geração.

O surgimento da televisão revolucionou os costumes.

No que diz respeito aos gibis, começou a haver um “encolhimento” do mercado, que culminou com o mercado agonizando entre as décadas de 70 e 80, fazendo com que os gibis perdessem seu status de entretenimento popular.
Tivemos em seguida o ressurgimento das publicações da Marvel e DC Comics não mais pela EBAL, mas pela Editora ABRIL, e começou um movimento de elitização desta cultura de massas, com o surgimento de novas gerações de leitores conhecidos como “Marvetes” e “DCnautas” da classe média com melhor poder aquisitivo que podiam enfrentar um período de inflação cruel, que impedia dos quadrinhos continuarem com seu status de cultura pop.

O ressurgimento da DC Comics agora pela Editora ABRIL.

Daí por diante as coisas foram ficando cada vez piores, da Editora ABRIL muitas publicações passaram para a gigante internacional Editora PANINI, que acabou inviabilizando a leitura dos quadrinhos com suas edições de ínfimas tiragens em papel de luxo e seus encadernados com preços estratosféricos, inviabilizando cada vez mais o consumo desta forma de arte pop; que inclusive começaram a ser comercializadas nas Comic Shops (as lojas especializadas em vender quadrinhos).

As caras edições luxuosas da Panini Comics...

... e seus Encadernados de capa dura de preços exorbitantes.

E como ficou a situação das bancas com essas mudanças? Porque além desta elitização dos quadrinhos, outros fatores vieram a dificultar a situação destes simpáticos estabelecimentos comerciais, como o surgimento da Internet, que disponibiliza aos seus usuários as edições virtuais de grandes jornais e revistas, reduzindo ainda mais as vendas; apesar destas edições virtuais terem se transformado numa “faca de dois gumes”; que tem levado ao fechamento não só no Brasil, mas no mundo todo dos grandes jornais.
Essas bancas precisaram forçosamente comercializar outras mercadorias além dos jornais e revistas, tiveram que sofrer uma grande “metamorfose” para poderem sobreviver, oferecendo diversificados produtos para a sua clientela. Por isso encontramos hoje nas bancas todo o tipo de mercadorias e os jornais e revistas acabaram virando mercadorias secundárias.

As bancas necessitaram forçosamente que diversificar seus produtos para sobreviver.

Hoje encontramos nas bancas: refrigerantes e cervejas (gelados), sorvete, doces, balas. Chicletes, cigarros, chips e carga para celular, isqueiros, brinquedos, DVDs de filmes; e uma infinidade de outros produtos. Além da concorrência dos Comic Shops, elas ainda enfrentam as vendas por consignação em outros tipos de estabelecimento como Supermercados, Padarias e Lojas, que também comercializam jornais e revistas.

Hoje outros pontos de venda competem com as bancas na venda de revistas.

Está acontecendo atualmente um questionamento se esta comercialização diversificada das bancas é válida ou não, muitos pensam que elas deveriam apenas comercializar jornais e revistas; como ocorre em outros países do mundo.

Em outros países a venda de jornais e revistas continuam tradicionalmente sendo vendidos em bancas.

Mas estes comerciantes (jornaleiros) precisam sobreviver e para isso qualquer iniciativa honesta é válida. A realidade é que a crise está aí, o brasileiro que nunca foi muito de ler ,cada vez lê menos nas formas convencionais (revistas e livros), e espero que estes simpáticos estabelecimentos que fazem parte da história e da infância de cada um possa continuar existindo.

Que os jornaleiros possam continuar realizando seu trabalho e "Salve as bancas que vendem seus jornais, e gibis"!


















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