Olá
meus amigos hoje temos um artigo que irá tratar de um assunto que é a razão do
nome do nosso blog: As Bancas de Jornal e Revistas.
Estes
pequenos estabelecimentos que funcionam em quiosques que aqui no Brasil levam o
nome de “banca”, tem sofrido uma grande transformação principalmente para
conseguir sobreviver aos novos tempos.
Inicialmente
as bancas eram por excelência um estabelecimento especializado na venda de
jornais e todo o tipo de revistas: semanários, femininas, moda, românticas,
fotonovelas, gibis (histórias em quadrinhos), àlbuns de figurinhas e os famosos “catecismos”,
principalmente do Carlos Zéfiro; que eram vendidos clandestinamente e que
deliciava os adolescentes.
As
bancas comercializavam apenas jornal e revista.
Além
disso, só era comercializado nas bancas as famosas fichas para telefone
publico.
Fichas
telefônicas vendidas em cartelas nas bancas.
Ficha
telefônica local.
Além
dos jornais as bancas contavam com enormes tiragens das revistas em geral: os
suplementos de quadrinhos que saiam duas vezes por semana; apresentando
aventuras seriadas do heróis das histórias em quadrinhos e mais tarde as
revistas em quadrinhos de periodicidade mensal, que na sua época áurea tinham
tiragens mensais imensas (entre 30.000 a 150.000 exemplares de cada revista por
mês); com mais de 70 títulos diferentes; e por isso eram as grandes estrelas das
Bancas.
O
famoso suplemento Juvenil.
O
surgimento das revistas mensais.
Isso
tudo acontecia numa época em que havia poucas formas de divertimento para as crianças
e os adolescentes, que tinham as revistas e as seções semanais de cinema nas
pequenas cidades, onde assistiam os seriados “B” de baixo custo que tanto prendiam
a atenção da garotada e divertiam; e os longa metragem de filmes de Cowboy e
Tarzan.
Antigo
seriado de Flash Gordon, das matinnés de domingo.
Longa
metragem de Tarzan das tardes de domingo.
Mas,
nas décadas de 40 e 50, o mundo começou a sofrer grandes transformações irreversíveis
que viriam a mudar a face do mundo, a começar pela televisão, que viria a mudar
radicalmente os costumes fazendo desaparecer deliciosos hábitos como “curtir” as
famosas “matinnés” nas tardes de domingo onde se assistia os seriados e os
longas e se aproveitava para se fazer as trocas dos gibis entre a garotada.
Nesta
época imperavam no mercado editorial dos gibis, as grandes editoras cariocas:
EBAL (Editora Brasil América Ltda.) de Adolpho Aizen, a RGE (Rio Gráfica e
Editora) de Roberto Marinho, e na década de 50 surgiu a Editora paulista: ABRIL
de Victor Civita; fora as muitas editoras pequenas de São Paulo que surgiam e
desapareciam.
Revistas
da Editora EBAL.
Revistas
da Editora RGE.
Revistas
da Editora ABRIL.
Neste
período, as histórias em quadrinhos realmente mereciam o título de “cultura pop”,
pois as publicações eram produzidas em papel de baixa qualidade (papel jornal),
tinha um custo baixo, o que favorecia para que todos pudessem adquirir.
As
bancas de jornal eram uma das poucas fontes de cultura e divertimento da
juventude, que apesar do país levar o título de: “país semianalfabeto”, as
pessoas no geral liam muito mais do que hoje.
Mas,
principalmente na década de 50 surgiu um elemento transformador de costumes que
deu um belo golpe numa forma de divertimento muito popular na época: o “cinema”.
Não que a televisão tinha acabado com essa forma de entretenimento, mas acabou
extinguindo o seguimento dos antigos seriados “B” e os antigos filmes de Cowboy
que era um dos grandes divertimentos daquela geração.
O
surgimento da televisão revolucionou os costumes.
No
que diz respeito aos gibis, começou a haver um “encolhimento” do mercado, que culminou
com o mercado agonizando entre as décadas de 70 e 80, fazendo com que os gibis
perdessem seu status de entretenimento popular.
Tivemos
em seguida o ressurgimento das publicações da Marvel e DC Comics não mais pela
EBAL, mas pela Editora ABRIL, e começou um movimento de elitização desta
cultura de massas, com o surgimento de novas gerações de leitores conhecidos
como “Marvetes” e “DCnautas” da classe média com melhor poder aquisitivo que
podiam enfrentar um período de inflação cruel, que impedia dos quadrinhos
continuarem com seu status de cultura pop.
O ressurgimento
da DC Comics agora pela Editora ABRIL.
Daí
por diante as coisas foram ficando cada vez piores, da Editora ABRIL muitas
publicações passaram para a gigante internacional Editora PANINI, que acabou
inviabilizando a leitura dos quadrinhos com suas edições de ínfimas tiragens em
papel de luxo e seus encadernados com preços estratosféricos, inviabilizando
cada vez mais o consumo desta forma de arte pop; que inclusive começaram a ser
comercializadas nas Comic Shops (as lojas especializadas em vender quadrinhos).
As caras
edições luxuosas da Panini Comics...
...
e seus Encadernados de capa dura de preços exorbitantes.
E
como ficou a situação das bancas com essas mudanças? Porque além desta
elitização dos quadrinhos, outros fatores vieram a dificultar a situação destes
simpáticos estabelecimentos comerciais, como o surgimento da Internet, que
disponibiliza aos seus usuários as edições virtuais de grandes jornais e
revistas, reduzindo ainda mais as vendas; apesar destas edições virtuais terem
se transformado numa “faca de dois gumes”; que tem levado ao fechamento não só
no Brasil, mas no mundo todo dos grandes jornais.
Essas
bancas precisaram forçosamente comercializar outras mercadorias além dos jornais
e revistas, tiveram que sofrer uma grande “metamorfose” para poderem
sobreviver, oferecendo diversificados produtos para a sua clientela. Por isso
encontramos hoje nas bancas todo o tipo de mercadorias e os jornais e revistas
acabaram virando mercadorias secundárias.
As
bancas necessitaram forçosamente que diversificar seus produtos para sobreviver.
Hoje
encontramos nas bancas: refrigerantes e cervejas (gelados), sorvete, doces,
balas. Chicletes, cigarros, chips e carga para celular, isqueiros, brinquedos,
DVDs de filmes; e uma infinidade de outros produtos. Além da concorrência dos
Comic Shops, elas ainda enfrentam as vendas por consignação em outros tipos de
estabelecimento como Supermercados, Padarias e Lojas, que também comercializam jornais
e revistas.
Hoje
outros pontos de venda competem com as bancas na venda de revistas.
Está
acontecendo atualmente um questionamento se esta comercialização diversificada
das bancas é válida ou não, muitos pensam que elas deveriam apenas comercializar
jornais e revistas; como ocorre em outros países do mundo.
Em
outros países a venda de jornais e revistas continuam tradicionalmente sendo
vendidos em bancas.
Mas
estes comerciantes (jornaleiros) precisam sobreviver e para isso qualquer
iniciativa honesta é válida. A realidade é que a crise está aí, o brasileiro
que nunca foi muito de ler ,cada vez lê menos nas formas convencionais (revistas
e livros), e espero que estes simpáticos estabelecimentos que fazem parte da
história e da infância de cada um possa continuar existindo.
Que
os jornaleiros possam continuar realizando seu trabalho e "Salve as bancas que
vendem seus jornais, e gibis"!
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