No final dos anos 80, a Rede Manchete de Televisão alcançava bons
índices de audiência em sua programação infantil, principalmente, pela exibição
dos seriados japoneses (tokusatsus). As aventuras de Jaspion, Changeman e
companhia, não deixavam a criançada (eu era uma dessas crianças) desgrudar os
olhos da frente da telinha. Assim era de manhã com o “Cometa Alegria” e à tarde
com o “Clube da Criança”, à época, apresentado por Angélica.
A atração matutina contava com mais uma presença oriental, mas
desta vez, vinda da Coréia do Sul. Era o mestre em Taekwondo Yong Min Kim, ou
simplesmente, Mestre Kim como ficou conhecido pelo público. Ele apresentava um
quadro em que ensinava movimentos da arte marcial às crianças, assim como dava
bons conselhos aos pequenos.
Durante dois anos (1989-1990), o quadro foi exibido com relativo
sucesso. Vendo potencial no “personagem”, a Bloch Editores, empresa do mesmo
grupo da Manchete (ambas eram de propriedade do empresário Adolpho Bloch)
lançou uma revista em quadrinhos.
Yong
Min Kim, o Mestre Kim.
Assim como Bruce Lee ou o Mestre do Kung Fu da Marvel Comics, Kim
era um nobre guerreiro que viajava pela cidade de Seul, defendendo os fracos e
oprimidos de toda e qualquer forma de injustiça. Em suas aventuras, ele
enfrentava todos os tipos de vilões, desde ninjas a feras selvagens, passando
por cientistas loucos, ditadores e mafiosos. Um detalhe interessante: ele
dirigia uma Ferrari. Justiceiro, mas com estilo.
Nas sequências de combate, o mestre explicava alguns de seus
movimentos, fazendo com que o leitor conhecesse mais sobre as artes marciais e
sua importância. A primeira edição (que eu tenho em minha coleção) tinha como
brinde um pôster do herói.
As
sequências de ação “ensinavam” alguns golpes.
Os roteiros em sua maioria foram escritos por Antônio Ribeiro, que
assinava como “Tony Carson”, e misturavam tramas de artes marciais, intrigas
policiais e faroestes, especialidade dele, que havia escrito muitas histórias
para quadrinhos e livros.
Um grande mérito nas edições eram as belas capas, desenhadas por
artistas importantes dos quadrinhos nacionais, como Eugênio Colonese, que tinha
um traço bem similar aos antigos gibis de faroeste, e Antonino Homobono
Balieiro, que trabalhava para a editora em outros projetos. As histórias também
eram marcadas por essas belas artes, que davam ainda mais dinamismo às
aventuras.
Mestre Kim # 8
Mestre
Kim # 5
Após o encerramento do programa e o cancelamento da revista,
Mestre Kim seguiu com suas atividades na divulgação do Taekwondo pelo Brasil,
se tornando membro do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e da Federação Mundial
de Taekwondo, além de se manter como Presidente da Confederação Brasileira de
Taekwondo. Antes de ser conhecido pelo público, já havia trabalhado como
instrutor da Academia de Formação de Oficiais da Polícia Militar do Estado do
Rio de Janeiro, e participado de inúmeros torneios e competições nacionais e
internacionais.
Um momento marcante na história dos quadrinhos brasileiros, que
traz saudade para aqueles que puderam acompanhar as aventuras e aprender os
ensinamentos do Mestre Kim. Quem sabe, alguma editora não traz esse material de
volta? Seria uma ótima oportunidade de mais uma vez nos divertirmos com essas
incríveis histórias de um herói genuinamente nacional.
Cara grande lembrança desse herói da vida real, quando artes marciais eram ensinadas do jeito certo, junto com a filosofia. Me tira uma dúvida, eu vi as capas 5 e 8, que são as que não tenho. Vocês também não tem? Pois não achei o link.
ResponderExcluirOlá amigo Antonio,
ResponderExcluirEu também apreciava muito esse nosso herói da vida real.
Infelizmente os números 5 e 8, nõa tennho o scan, e não consegui localizar os scans na Intenet.
Abraço, grato pelo comentário.
Pôxa, uma pena! Vou ficar atento as redes e se encontrar em algum lugar, terei prazer em repassar.
ResponderExcluirExcelente Antonio, qualquer coisa envia pra gente para podermos compartilhar.
ResponderExcluirAbraço